domingo, 6 de fevereiro de 2011

Landing of Savage South Africa at Southampton

Em Portugal também há registos assim, depositados no ANIM. Não são tão antigos mas as imagens (e o seu poder) são igualmente eloquentes.

http://www.colonialfilm.org.uk/node/1186

Cape to Cairo - dez filmes em visionamento

http://www.bfi.org.uk/whatson/node/18372



Após ao longo de mais de um ano ter visionado no ANIM a colecção colonial da Cinemateca Portuguesa, estou em Londres, na mediateca do BFI, a ver a colecção de filmes recentemente organizada no âmbito do projecto "Colonial Films. Moving Images of the British Empire".
É extraordinário como cada colonialismo reclama, de modo idêntico, a sua especificidade e o seu humanismo. Se a excepcionalidade do "modo português de estar no mundo" - que ainda perdura - é um eco nostálgico da propaganda do Estado Novo, que a nossa classe política recicla regularmente (com afirmações sobre o "Dia da Raça" e uma lusofonia paternalista), é agora extraordinário atentar na argumentação do imperialismo britânico. Muito esclarecedor (o atentar nessa argumentação), no mínimo. Maniqueísta (a argumentação), sempre.

Colonial Film. Moving Images of the British Empire.

http://www.colonialfilm.org.uk/home: um site que reúne informação sobre as imagens que, desde a invenção do cinema, o "império britânico" produziu sobre si. O projecto está online desde o final de 2010, foi promovido por uma equipa de académicos notável e suportada por três grandes instituições britânicas.
O projecto - que gostaria de replicar em Portugal - não me interessa pelo discurso. Interessa-me pelo processo de abertura do arquivo; pela disponibilização de imagens que são património de "colonos" e "colonizados" mas que, até ao momento, eram lidos de acordo com a história dos "vencedores", proposta numa lógica imperial, dos Estados Nação. O que este site potencia é a análise e a consciência crítica na primeira pessoa.
Interessa-me o olhar do "eu" que destrona o "nós" da lógica historiográfica dos Estados-Nação, projectados para viabilizar o Capitalismo Moderno e cujo imperialismo, como salienta Eric Hobsbawm, foi sobretudo promovido através da Cultura, dos discursos identitários nacionais sustentados pelos arquivos da memória colectivos e revisionistas.