quinta-feira, 15 de julho de 2010

25, José Celso e Celso Luccas


Em Paris, a Teresa Castro e a Lúcia falaram-me de "25". Disse-me a Lúcia, após ver fragmentos do "Deixem-me ao menos subir às palmeiras...", que pensa que esta obra pós-independência de Moçambique inclui fragmentos do filme do Lopes Barbosa. Estou à espera de cópia, para conferir... Entretanto, vou perguntar ao Lopes Barbosa o que sabe ele sobre isso.

"Antiga colónia e província ultramarina portuguesa, Moçambique tornou-se independente no dia 25 de Junho de 1975, depois de uma guerra de libertação que durou cerca de dez anos. Exilados em Portugal, os brasileiros José Celso (fundador do Teatro Oficina) e Celso Luccas realizam então no novo estado africano um filme que documenta os últimos dias da colonização e as comemorações que se seguiram à independência, celebrando a revolução iniciada pelo presidente Samora Machel. Filmado em 16 mm, e incluindo inúmeras imagens dos arquivos da radiotelevisão portuguesa, 25 é um filme “revolucionário”. Contemporâneo das experiências do Grupo Dziga Vertov, recheado de citações ao trabalho de Sergei Eisenstein e de Glauber Rocha e realizado apenas alguns anos depois de William Klein ter documentando o primeiro Festival Pan-africano de Argel (1969), o filme de José Celso e de Celso Luccas tenta responder ao desafio de criar um cinema novo para uma jovem nação. Indissociável dum discurso político abertamente marxista, o filme deve ser colocado num duplo contexto histórico, remetendo tanto para o movimento de descolonização e de reorganização geopolítica do continente africano, como para a história singular do cinema moçambicano. Na verdade, Moçambique foi um dos raros países africanos a reconhecer de imediato o papel imprescindível do cinema enquanto vector propagandístico. Instrumento posto ao serviço duma unidade nacional que precisava de ser construída, forma de reapropriação da imagem de si, o cinema é, para Machel, uma poderosa arma política. A criação do Instituto Nacional do Cinema em 1975 vem dar forma a esta intuição. Documento único, tanto em termos históricos como no contexto complexo e heterogéneo do jovem cinema africano, 25 destaca-se ainda pela sua banda-sonora extremamente rica, incluindo canções de João Gilberto, Jorge Ben Jor, etc."
Da sessão apresentada no Le Silo pela Teresa Castro.

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